terça-feira, 10 de junho de 2008

Um encontro com o velho deitado

Estava caminhando e vi um velho deitado
ele afirmou pra mim
que vira bolsa jacaré que fica parado
e me garantiu que dinheiro não traz felicidade
também aprendi com ele que, a ambição cerra o coração,
e lhe afirmo, isso é verdade

Fiquei pensando se realmente a ocasião faz o ladrão
ele garantiu que não
continuamos sem pressa
afinal a inimiga da perfeição
é justo essa
mas também me preocupo
pois a pensar morreu um burro

Ele deu-me certeza que aqui se faz, aqui se paga
e o pior cego é o que não quer ver
que não entra mosca em boca fechada
e basta estar vivo para morrer

Me disse ele que nunca pôs
o carro na frente dos bois
lhe perguntei como sabia
ele disse que não nasceu sabendo
mas sim, foi vivendo e aprendendo

Também disse que devagar se vai ao longe
e assim como o que arde cura
o que aperta segura
comentou de um amigo monge
que o ensinou a ficar perto de quem come
e de quem trabalha ficar longe

Agradeci a conversa e disse que só sabia
que o corno era sempre o último a saber
e um pingo era letra pra quem soubesse ler
assim como não há mal que se perdure
nem há dor que não se cure

Lhe disse que quem não tinha colírio usava óculos escuros,
quem não tinha filé comia pão e osso duro
e quem não tinha visão batia a cara contra o muro
lembrando Raulzito
ele achou que me empolguei
e ao se retirar praguejou: "moleque esquisito"

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